top of page

Direção

Notas da direção

A palavra que orienta o trabalho de direção para o filme é “cartografia” que, ao contrário do mapa, leva em conta os movimentos de transformação no espaço urbano. Com base nesse entendimento, o filme propõe uma “cartografia em primeira pessoa”, convidando a perceber a cidade do ponto de vista do protagonista, inicialmente observada à distância, e, posteriormente, transitando ao rés-do-chão.

A imagem simbólica é o gesto primário do urbanista Lúcio Costa ao criar Brasília, “de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”. Assim, pretende-se construir uma espécie de “road-movie urbano”, onde os caminhos percorridos criam um entrelaçamento entre diferentes personagens, erguendo uma cartografia psicossocial própria da cidade.

Sua estrutura narrativa em capítulos conduz a uma proposta estética que acompanha o drama do amadurecimento de Lúcio, partindo do espaço ínfimo, enclausurado, até à vastidão do céu da cidade. Em termos cinematográficos, a intenção é privilegiar, inicialmente, enquadramentos em planos fechados, emoldurados pelos pequenos vãos arquitetônicos, e ao longo da narrativa, abrir-se para imagens que reforcem a escala urbana peculiar de Brasília. Desde suas características plásticas até suas referências simbólicas, a cidade desperta a imaginação, impulsionando situações dramatúrgicas e deixando entrever perspectivas mais acolhedoras para se viver o espaço urbano.

cloudy-sky-dawn.jpg
bottom of page